sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Todo apoio aos pichadores do muro de Thales






Pichadores atacam promotor acusado de homicídio


Sex, 31 Ago, 04h38

O muro da casa localizada em frente à residência do promotor Thales Ferri Schoedl, no bairro de Moema, na zona sul da capital paulista, foi pichada na noite de ontem com os seguintes dizeres: "Assassino. Justiça. Ministério Público, a vergonha do Brasil". O grupo responsável pela pichação, que se identifica como Túmulos, Trolhas, Bereta, Os Bicho Vivo, Malignos e DMN, é o mesmo de várias feitas neste ano, inspiradas em fatos que ganharam destaque na imprensa brasileira e mundial.

Na tarde da última quarta-feira, por 16 votos a 15, o Órgão Especial do Ministério Público Estadual manteve no cargo o promotor, que ganhou o direito a ter ao foro privilegiado e não será julgado pelo Tribunal do Júri, mas sim pelo Órgão Especial do TJ. Com a decisão, Thales terá cargo vitalício e salário de R$ 10 mil.

CRIME - No dia 30 de dezembro de 2004, em Rivera de São Lourenço, em Bertioga, no litoral de São Paulo, Schoedl atirou contra os estudantes Diego Mendes Modanez e Felipe Siqueira Cunha de Souza, ambos de 20 anos, matando o primeiro, com 12 tiros, e ferindo gravemente o segundo. O promotor, que foi preso em flagrante pelo delegado de polícia de Bertioga, alegou que atirou em legítima defesa contra um grupo de pessoas que o ameaçavam e que teriam mexido com sua namorada.

(Yahoo notícias)


Meu comentário: Túmulos, Trolhas, Bereta, Os Bicho Vivo, Malignos e DMN, posso entrar pro grupo? Quando vamos pichar o muro do Pimenta Neves também?

No tempo da maldade, acho que a gente nem tinha nascido...














A foto acima é de um meninho em Ruanda olhando centenas de crânios, parte de uma guerra civil.

Breve (muito breve e resumida) historinha de Ruanda: O país foi entregue à Bélgica após a primeira guerra mundial (antes 'era da' Alemanha). O que fez a Bélgica: utilizou a igreja católica e manipulou a classe alta dos Tutsis para reprimir o resto da população (maioria Hutus e tutsis mais pobres), incluindo a cobrança de impostos e o trabalho forçado, criando um fosso social maior do que o que já existia.

Após a segunda guerra, os hutus ganharam o poder devido a diversos fatores: fuga de reis, assasinatos de outro, processo de independência etc. Bom, depois disso, entrou um processo de repressão aos tutsis, um ódio havia sido plantado no passado. Houve um verdadeiro genocídio, um massacre. E quem quiser pode ver o filme "Hotel Ruanda", que retrata bem essa situação.

Esse resuminho foi feito para quê? Por causa dessa capinha dessa revista fascistinha:
























Ok. Sobre essa capa e a patuscada toda de 'sensações' que foram argumentos de mais uma reportagem fajuta baseada em nada, todo mundo já deve ter ouvido falar porque repercutiu demais essa nova 'hipótese' da Veja, com sua 'liberdade de imprensa', na tentativa de pressionar o Supremo a votar a favor da aceitação das denúncias do mensalão.

Mas o que me chama atenção, além da reportagem ultra-confiável, é essa tarjinha aí do lado na capa: "Um Livro mostra que a elite é o lado bom do Brasil".

Eu estava devolvendo filmes na locadora e vi esse exemplar em cima do balcão, e como eu não compro essa revista por nada no mundo, só pude me "deliciar" com a capa. Falei pra R. sobre a capa, e ele: "Cê tá brincando!" Pior é que parece brincadeira mesmo porque eles nem disfarçam mais o fascismo. Daqui a alguns dias poderemos ler: "Sociólogos e intelectuais defendem campos de concentração para pobres", e aí eles vão argumentar que o "povo atrapalha a democracia", já que votaram no "presidente errado", "eles não sabem usar o direito ao voto que lhes concedemos". E isso aí a gente até já pode ver em conversas informais pela boca de ultra-direitistas ou de "massa de manobra". Quem sabe um dia, eles não chegam a propor uma guerra-civil! Garanto que tem gente aí de direita que ia gostar bastante.

Bom, pensei que o que tinha repercutido era só a reportagem principal sobre o Supremo e que só eu tinha visto esta tarjinha... mas hj, lendo o Vermelho, vi que a matéria foi até bem discutida entre nós, o povo ignorante, do lado negro da informação.

Como a matéria, junto com as citações de Mino Carta, não poderia ser melhor, tomo a liberdade de colocá-la aqui, na íntegra:

28 DE AGOSTO DE 2007 - 19h15

Mídia enaltece livro que destila preconceito contra pobres


Em seu livro ''A Cabeça do Brasileiro'', e nas várias entrevistas que vem concedendo nos largos espaços que a grande mídia lhe oferece, o ''sociólogo'' Alberto Carlos Almeida sustenta a tese de que as pessoas com ''nível superior'' têm uma contribuição maior e melhor a dar ao país do que aquelas que ''não têm nível superior''. Para ele, a parcela mais educada da população é menos preconceituosa, menos estatizante e tem valores sociais mais sólidos. Na opinião de vários analistas, o livro é ''preconceito puro''.

por Cláudio Gonzalez



A penúltima edição da revista Veja, que chegou às bancas no dia 19 de agosto, descatou na capa uma matéria que enaltece um livro recentemente publicado pelo ''sociólogo'' Alberto Carlos Almeida. A publicação, intitulada ''A Cabeça do Brasileiro'' (Editora Record, 2007), traz dados estatísticos e considerações sobre uma pesquisa a respeito do ''perfil do brasileiro''. A Pesquisa Social Brasileira foi realizada pelo instituto DataUff (Universidade Federal Fluminense) e financiada pela Fundação Ford. Foram ouvidas 2.363 pessoas, em 102 municípios.

Almeida é professor da Universidade Federal Fluminense; colunista do jornal Valor Econômico; e diretor de planejamento da Ipsos Public Affairs, responsável pelo Pulso Brasil, uma pesquisa mensal sobre consumo, economia e política. Ele é autor ainda dos livros ''Por que Lula?'' (Editora Record, 2006); ''Como são Feitas as Pesquisas Eleitorais e de Opinião'' (Editora FGV, 2002); e ''Presidencialismo, Parlamentarismo e Crise Política no Brasil'' (Eduff, 1998). Alberto Carlos Almeida possui ainda doutorado em Ciência Política pelo IUPERJ; foi pesquisador visitante na The London School of Economics; e coordenou as pesquisas eleitorais e de opinião do DataUff entre 1996 e 2002 e da Fundação Getúlio Vargas entre 2002 e 2005.

Neste seu último livro, ''A cabeça do brasileiro'', Almeida usa todo este currículo para interpretar com suas idéias elitistas os dados da pesquisa que coordenou e destilar um rozário de afirmações altamente preconceituosas contra aqueles que ele chama de ''iletrados'', ou seja, pessoas sem nível superior ou com menor escolaridade.

Em seu livro e nas várias entrevistas que vem concedendo nos largos espaços que a grande mídia lhe oferece, Almeida sustenta a tese de que as pessoas com ''nível superior'' têm uma contribuição maior e melhor a dar ao país do que aquelas que ''não têm nível superior''. Para ele, a parcela mais educada da população é menos preconceituosa, menos estatizante e tem valores sociais mais sólidos.

Para bom entendedor, o dito ''sociólogo'' sustenta que somente a opinião e as realizações da elite merecem ser levadas em consideração sobre os mais diversos temas, especialmente em relação às questões éticas, culturais e morais. Nas entrelinhas, Almeida responsabiliza o ''povo'' por todas as mazelas nacionais.

A mais recente oportunidade que Almeida teve de destilar seu veneno ''anti-povo'' foi no programa Roda Viva, da TV Cultura, exibido na última segunda-feira (27).


Poleiro de tucanos


Não causa surpresa nenhuma que a revista Veja tenha dado chamada de capa para um livro tão desprezível quanto a própria revista. Também não espanta que praticamente todos os telejornais e rádios do sistema Globo tenham aberto seus microfones para o professor Almeida. Já o espaço nobre de uma TV ''educativa'' ser ocupado para servir de amplificador a opiniões tão polêmicas deixou algumas pessoas admiradas. Mas quem conhece os bastidores da TV Cultura sabe bem que tal escolha não é tão estranha assim.

O programa Roda Viva é apelidado nos meios políticos como ''poleiro de tucanos'' pois, estando a Fundação Padre Anchieta, gestora da TV Cultura, sob o domínio do PSDB há quase 15 anos, os critérios para a escolha de quem serão os entrevistados e os entrevistadores no programa são estabelecidos a partir das preferências políticas do tucanato de São Paulo. De vez um quando um ou outro entrevistado ''de esquerda'' é convidado a participar do programa para disfarçar a hegemonia tucano-liberal. Sendo assim, não surpreende que Alberto Carlos Almeida tenha sido escolhido para proferir suas teses preconceituosas em rede nacional.


Pérolas aos porcos


Entre as baboseiras de inspiração fascista que o dito ''sociólogo'' proferiu na entrevista estão a de que os valores éticos estão diretamente ligados ao nível de escolaridade e, por isso, ''nossa elite intelectual na média é a favor da liberdade de imprensa e os mais pobres são contrários...'' e ainda que ''...revoluções não acontecem em países com alto grau de escolaridade, pois quem tem maior nível intelectual tende a ser liberal e democrático''.

O pretenso sociólogo também afirma que todos os membros de corporações militares, como a PM, por exemplo, deveriam ter nível superior pois quem tem nível superior tende a respeitar mais os direitos humanos e quem não tem tende a ser mais violento e mais corrupto.

Ele diz textualmente que ''para 'aqueles que não têm nível superior' a corrupção não é um problema...''.

O esperto ''sociólogo'' busca ainda jogar a pecha de preconceituoso no próprio povo ao afirmar que ''aqueles que não têm nível superior 'são homófobicos', por isso a Globo não pode exibir nas novelas beijos entre homosexuais...''.

Mas a cereja no bolo das baboseiras é a afirmação de que ''... se dependesse daqueles que não têm nível superior, ''a escravidão não teria acabado no Brasil, foi preciso os ingleses ( raça superior, protestante e nórdica) intervirem pra escravidão acabar no Brasil...''


Mino: elite perversa

O jornalista Mino Carta, editor da revista CartaCapital, teceu comentários sobre a matéria em que a revista Veja destaca o conteúdo do livro de Almeida. Em seu blog ( http://z001.ig.com.br/ig/61/51/937843/blig/blogdomino/ ) Mino Carta ironizou as opiniões do autor do livro afirmando: ''Entendi, o povo é o culpado pela situação em que o país se encontra, vítima de desequilíbrios sociais vertiginosos, e insuportáveis para um país que pretende ser democrático. E capitalista. O povo é responsável pela Idade Média em que vivemos. Ah, se não tivéssemos de padecer a companhia deste povo, que formidável país teríamos. Feliz, respeitado, poderoso. Teríamos acesso à beatitude da democracia sem povo. Nada disso, somos obrigados a carregar este fardo imponente. De quem a culpa pela colonização predadora? Do esboço de povo que não a impediu. De quem a culpa pela escravidão? Do povo, que se deixou escravizar. De quem a culpa pelos desmandos do poder? Do povo, que não sabe votar. Não gosto de fazer propaganda do concorrente, mas a Veja desta semana é pura diversão''.


Dias depois, quando Almeida foi entrevistado no Roda Viva, Mino Carta voltou ao assunto e comentou: ''Todos desancam o sociólogo (sociólogo?). Ele merece. Um internauta, Ricardo Lusíadas, sugere-me uma entrevista com Antonio Gramsci. Dele falei no meu editorial desta semana, em CartaCapital. Sustentei a seguinte tese: Marx pôs de ponta-cabeça Hegel, Gramsci pôs de ponta-cabeça Croce, Alberto Carlos Almeida acaba de pôr de ponta-cabeça Marx e Gramsci. De fato, sua pesquisa visa a demonstrar que a classe dominada de verdade domina a classe dominante. Coisas do arco-da-velha. A Cabeça do Brasileiro é um perfeito epitáfio de uma elite feroz, ignorante, inepta, vulgar, arrogante, prepotente, incompetente. Responsável pelo desastre que vivemos, a se considerar as incríveis potencialidades do Brasil, talvez únicas, atiradas ao lixo, por ela mesma, a elite. Sentaram-se sobre um tesouro e só cuidaram de predá-lo. E nem conseguem interpretar a contento o papel da aristocracia. Atentem. A cada quadra de nossa história, uma nova leva de senhores substitui a velha, sem mudar-lhe as características. Falta continuidade, como se deu séculos afora, com as famílias nobres da Europa, porque nem mesmo seu serviço sabem executar. Pois é, diria Maquiavel, falta-lhe a implacável competência do Príncipe.''

Outros blogs também manifestaram indignação com as teses de Alberto Carlos Alemida. O blog Espaço Dual ( http://augustoalves.blogspot.com/ ) afirma que ''a entrevista (no Roda Viva) foi um festival de disparates dos mais grotescos já vistos na televisão brasileira, e olhem que o pário é duríssimo, mas este foi o pico da gaussiana! As conclusões resultantes da pesquisa realizada por este professor são de escandalizar qualquer cientista social com o mínimo de seriedade. O que nos faz pensar e se indignar por exemplo com o silencio estarrecedor do professor Roberto DaMatta. Sujeito ativo da academia brasileira de renome nacional e internacional, não poderia se omitir sobre temas tão presentes em seus livros e ensaios como aconteceu na fatídica noite de ontem. Uma lástima!'' O mesmo blogueiro diz ainda que ao assistir a entrevista de Almeida assistiu a ''um debate rasteiro, norteado por inverdades, preconceitos e um facismo manifesto!''


O antropólogo Roberto DaMatta, a que o blog se refere, foi um dos entrevistadores convidados pelo Roda Viva para entrevistar Almeida. A bancada de entrevistadores foi formada, além de Damatta, por Cláudio Weber Abramo (Diretor Executivo da Transparência Brasil); Francisco Alambert (professor de história contemporânea da USP); Lobão (músico, compositor, idealizador da Revista Outracoisa e apresentador da MTV), Fred Melo Paiva (editor do caderno Aliás, do jornal O Estado de S. Paulo) e Alon Feuerwerker (editor de política do jornal Correio Braziliense).

Problema 'lógico-metodológico'


Feuerwerker também comentou a entrevista de Almeida em seu blog (http://blogdoalon.blogspot.com/). ) Segundo ele, as opiniões do professor e sua pesquisa sofrem de um problema ''lógico-metodológico''. ''Eis o problema central da pesquisa do professor: ele adota a visão de mundo da elite escolarizada como referência de modernidade e a partir daí conclui que a elite escolarizada é moderna.''

Feuerwerker comenta ainda que a ética subjacente à obra do professor Alberto Carlos Almeida é a ética do grupo social a que pertence o professor. ''Segundo a plataforma ideológica exposta em sua obra, alcançaremos o paraíso quando todos pensarem como ele. Só que isso não chegará a acontecer. Pela mesma razão por que não é possível a parte pobre do mundo atingir os padrões de consumo da parte rica sem destruir o planeta. O sonho ideológico de um mundo homogeneamente desenvolvido com base numa cultura e numa economia fundadas no individualismo, no racionalismo, no consumismo, na recusa a Deus e às formas coletivas de convivência, na recusa ao reconhecimento dos limites do homem, tudo isso não passa de um sonho louco e irrealizável, uma caricatura pós-iluminista. Nesse sentido, professor, ao contrário do que o senhor afirma, talvez a consciência dos seus limites torne as pessoas menos escolarizadas mais modernas do que a arrogante, arcaica e prepotente elite que o capitalismo produz e reproduz diariamente''.


Link da matéria no Vermelho: http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=23990

Um breve comentário: O respeitadíssimo sociólogo diz que "quem tem nível superior tende a respeitar mais os direitos humanos e quem não tem tende a ser mais violento e mais corrupto". O promotor Thales Schoedl, que não só é 'letrado', como deveria "adorar os direitos humanos", está aí pra mostrar como essa tese de Alberto Carlos funciona. Além disso, os rapazes que espancaram a empregada no Rio de Janeiro também são um brilhante exemplo de respeito ao direitos humanos, eles estavam na faculdade, né? Engraçado que o pai da moça demonstrou muito mais 'tendência a respeitar os direitos humanos' do que os pais dos infelizes, que também deveriam ser letrados.

Acho que depois deste livro e desta reportagem, já poderíamos nos dividir entre Hutus e Tutsis e iniciar nossa guerrinha civil. Ou alguém acha que em Ruanda as coisas (o ódio) não foram plantadas pouco a pouco?

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Cansei do Cansei






















Ainda não comentamos a patuscada do "Movimento Cívico e Apartidário", o 'Cansei', por mera falta de tempo, já que o assunto EXIGE que nós o tratemos com todo 'carinho', escrevendo por horas e horas sobre seu papel ridículo contra a democracia.

Como estamos sem tempo de comentá-lo, ao menos indicamos a leitura do "Vi o Mundo" e do blog "Tô Cansadinho".

De qualquer forma, uma coisa que dá pra falar nesta 'falta de tempo' é que eu agradeço imensamente às pessoas abaixo por terem se posicionado neste movimento enquanto poderiam ficar quietas em casa, deixando muitos cidadãos iludidos quanto ao seu caráter anti-democrático:

1. Adriana Lessa
2. Agnaldo Rayol
3. Amália Rocha
4. Ana Maria Braga
5. Beatriz Segall
6. Caio (futebol)
7. Carlos Alberto de Nóbrega
8. Christiane Torloni
9. Eduardo Araújo e Silvinha
10. Enza Flori
11. Fernando Scherer (o “Xuxa”)
12. Goulart de Andrade
13. Hebe Camargo
14. Irene Ravache
15. Ivete Sangalo
16. Jair Rodrigues
17. Lars Grael
18. Leo Jayme
19. Luana Piovani
20. Mayara Magri
21. Moacyr Franco
22. Osmar Santos
23. Paulo Vilhena
24. Regina Duarte
25. Sérgio Reis
26. Seu Jorge
27. Silvia Poppovic
28. Tom Cavalcanti
29. Torben Grael
30. Victor Fasano
31. Wanderlea
32. Zezé Di Camargo

Claro que há figurinhas carimbadas aí, que mesmo que ficassem em casa ou jurassem de pé junto que apóiam um governo democrático e eleito pelo povo, não conseguiriam enganar uma criança no que diz respeito à sua falta de senso democrático. Mas há outros que se 'revelaram', e a estes eu agradeço imensamente.

É importante que cada vez mais 'artistas', esportistas e outros 'formadores de opinião' se posicionem sobre seus ideais políticos para que o povo saiba "quem está por trás da máscara".

Parabéns a todos pela coragem de se prestarem a este ridículo papel de golpistas da democracia! O governo que aí está foi eleito pela maioria esmagadora desta nação. Gritar Fora Lula ou arrebanhar simpatizantes do movimento por solidariedade a parentes de vítimas de uma tragédia, por mais golpista e oportunista que seja, não é suficiente para derrubar um governo.

Aguardamos atenciosamente o golpe militar e propostas de separação da República Federativa (embora seja impossível), porque já não nos espantamos com nada vindo de vocês.

Ah, e para não perder o bom humor, participamos da nova campanha do "Tô Cansadinho". Após o 'aquietamento' do movimento 'apartidário' Cansei, chega a hora de outro (também encabeçado pelo senhor D'Urso) tomar lugar nos nossos corações e almas:


quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Por que somos de esquerda?




















TEM GENTE COM FOME

Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Piiiiii

Estação de Caxias
de novo a dizer
de novo a correr
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Vigário Geral
Lucas
Cordovil
Brás de Pina
Penha Circular
Estação da Penha
Olaria
Ramos
Bom Sucesso
Carlos Chagas
Triagem, Mauá
trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dzier
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Tantas caras tristes
querendo chegar
em algum destino
em algum lugar

Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Só nas estações
quando vai parando
lentamente começa a dizer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer

Mas o freio de ar
todo autoritário
manda o trem calar
Psiuuuuuuuuuuu


Eu ia falar sobre nosso posicionamento na esquerda, mas aí me lembrei do discurso de posse de Roberto Requião (governador do Paraná), e vi um trecho que diz tudo o que eu penso exatamente sobre o que é 'ser de esquerda'.

Sempre vai ter alguém pra te chamar de 'comunista de shopping center' e vários outros adjetivos com pretensão de desqualificar a luta pela igualdade, mostrando que, se você não é 'Sem-Terra', não pode querer a reforma agrária, se você faz compras em shopping, não tem como se posicionar a favor da ascenção econômica no país. Há quem pense que, para nos assumirmos como 'pessoas de esquerda', temos que depender do Bolsa Família e para querermos a igualdade social, temos que ser mendigos. 'Esse povo' sempre nivela tudo por baixo. Para termos igualdade social, queremos que o mendigo deixe de ser mendigo, que o Sem-Terra consiga sua parte 'nesse latifúndio' e que o povo progrida a ponto de o Bolsa Família, que é a salvação de muitas famílias neste momento, seja mesmo uma coisa do passado daqui a algum tempo, essa é a questão.

Por isso, reproduzo abaixo um trecho do discurso de Roberto Requião para que não esqueçamos nossos verdadeiros ideais e o que significa se posicionar 'na esquerda' (os grifos são meus):


"(...) Somos de esquerda, porque ser de esquerda é ser solidário, fraterno, humano. É ser gente. É ter os olhos, a alma e o coração voltados para as desigualdades e as misérias deste mundo.

O fosso entre os que têm e o que não têm alargou-se de tal formas nos últimos anos, nesses malditos anos de expansão do neoliberalismo, que não seria catastrófico antecipar a possibilidade do colapso da civilização.

Tenhamos olhos para ver. E vejam.

Hoje a metade da população mundial, calculada em 6 bilhões e 800 milhões de almas, tem um patrimônio de tão somente 4.500 reais.

A tragédia brasileira da desigualdade, da exclusão, da concentração de rendas segue o ritmo mundial.

Por mais escandaloso e surpreendente que pareça quem ganha mais que 800 reais por mês em nosso país está entre aquela parcela de cinco por cento de brasileiros mais ricos.

Escandalizem-se. Mas reajam, mas façam alguma coisa, mas desendureçam o coração e arejem o cérebro. Alinhem-se à esquerda, formem entre aqueles que ainda não perderam a capacidade de indignar-se e lutar. Perfilem entre os que não perverteram as características básicas de seres humanos, que não se transformaram em homens lobo dos homens.

Enfim, recuperemos as nossas condições de seres humanos. Segundo Aristóteles, “animais políticos”; isto é gregários, solidários, civilizados, já que civilização pressupõe solidariedade, irmandade. É isso que nos distingue da barbárie, da irracionalidade.

E o que é a globalização, a sanha do mercado por lucro, a dominação impiedosa dos países e povos periféricos? O que é a transformação do individualismo, da competição, da esperteza, da ascensão a qualquer preço a valores máximos dos nossos tempos? O que é tudo isso que não a volta à selvageria, ao embrutecimento, à incultura, à grosseria, à rudeza, à brutalidade, à desumanidade das hordas pré-civilização?

Já próximo da morte, nas reflexões finais sobre a sua trajetória política, François Mitterrand disse que a direita julga que o poder é dela, por delegação natural, como se fosse a reprodução do direito divino dos reis. Assim, para a direita, a eventual ascensão da esquerda é usurpação, é antinatural.


Isso é de tal forma difundido, está de tal forma entranhado em nossa cultura, que muitos, à esquerda ou ditos de esquerda, ou do centro, parecem constrangidos quando ganham uma eleição. Quase que pedem desculpas à direita por chegar ao governo, por ocupar um espaço naturalmente dela, naturalmente dos senhores, naturalmente dos dominantes.

Talvez seja por isso que, segundo dizem, nada mais parecido com o conservador que a esquerda quando chega ao governo. Ou como se dizia no Império: “Nada mais parecido com um luzia do que um saquarema no Gabinete”.

Não aqui no Paraná. Palavras e obras. Coerentemente. O que pensamos, o que discursamos, o que declaramos corresponde, sempre, ao que fazemos.


Desmontaram o Estado, diminuíram-no, enfraqueceram-no. Afinal, para os neoliberais, a existência do Estado justifica-se à medida que sirva ao mercado. E todas as políticas públicas são desperdício de recursos. Recursos que eles querem para pagar as dívidas, o serviço da dívida. Superávites para acalmar o mercado e sinalizar as nossas condições de pagamento.

O risco brasileiro é falta de dinheiro para saúde, educação, segurança, infra-estrutura, geração de empregos, má distribuição de renda.

Mas o risco, que eles medem como se medissem a febre e o perigo de vida de um paciente, o risco para eles, é faltar recursos para pagar a dívida, já tantas vezes paga e ainda assim tornada impagável pela prestidigitação contábil dos credores, dos rentistas internos ou externos.

Nós recuperamos o Estado e o Estado passou a ser um elemento essencial para a retomada do desenvolvimento paranaense. (...) "

extraído de http://www.aenoticias.pr.gov.br/modules/news/article.php?storyid=25322

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Por que sou a favor das cotas raciais?






Quebranto

às vezes sou o policial
que me suspeito
me peço documentos
e mesmo de posse deles
me prendo
e me dou porrada

às vezes sou o zelador
não me deixando entrar
em mim mesmo
a não ser pela porta de serviço
às vezes sou o meu próprio delito
o corpo de jurados
a punição que vem com o veredito

às vezes sou o amor
que me viro o rosto
o quebranto
o encosto
a solidão primitiva
que me envolvo com o vazio

às vezes as migalhas do que
sonhei e não comi
outras o bem-te-vi
com olhos vidrados
trinando tristezas

um dia fui abolição que me
lancei de supetão no espanto
depois um imperador deposto
a república de conchavos no coração
e em seguida uma constituição que me promulgo
a cada instante

também a violência dum impulso
que me ponho do avesso
com acessos de cal e gesso
chego a ser

às vezes faço questão
de não me ver
e entupido com a visão deles
me sinto a miséria
concebida como um eterno começo

fecho-me o cerco
sendo o gesto que me nego
a pinga que me bebo
e me embebedo
o dedo que me aponto
e denuncio o ponto em que me entrego.

Às vezes!...

(Cuti)

Só para ilustrar o pensamento, vou contar uma historinha real, e faço isso como contaria à polícia:

"Uma senhora que conhecemos - compreenda-se que se trata de 'massa de manobra' - certo dia, fazia compras em um supermercado. Observando as pessoas do lugar, reparou numa linda criancinha loura, olhos claros e pobre, acompanhada por sua mãe, também pobre. Parou um minuto para entender o que se passava e por que a mãe negava o o que a criança pedia. A senhora de que falamos se sensibilizou ao propor uma conversa com a mãe e constatar que a família morava numa favela e passava necessidades e fez questão de fazer uma pequena compra doando à família branca. Ao chegar em casa, relatando o fato para seu marido e filhos, a senhora usou exatamente estas palavras: 'era tão triste ver aquela criança tão linda, tão loira, sabendo que ela é favelada! Porque 'preto' eu entendo, mas aquela criança tão branca não merece morar na favela e ser pobre."

Ao contrário do que diz Ali Kamel em sua obra-prima "Não Somos Racistas", nós somos racistas sim (não 'nós'=eu, nós como sociedade). Há um Apartheid racial implícito no Brasil. Há quem não se choque com um negro pobre e favelado porque considera esta uma situação 'normal' no País e perfeitamente tolerável, dizem ou pensam ou agem inconscientemente como a concordarem que lugar de negro é na favela ou, quando muito, em sub-empregos.

Enquanto se chocam com um loirinho pobre favelado, se chocam também com um negro na universidade. Este é o pensamento escravocrata da classe dominante, ainda que eles digam serem 'contra a escravidão', como se pudessem ser a favor dela.

O que quero dizer com isso tudo é que, mesmo que um branco seja pobre e/ou favelado (uso 'favelado' pra ilustrar o preconceito da historinha que contei), ele encontrará uma sociedade mais 'amiga', mais pacífica e 'compreensiva' com sua condição, afinal, 'ele está no lugar errado porque lugar de branco é na alta classe social'. Então brancos pobres e negros pobres disputando o mercado de trabalho, por exemplo, mostram o quão errado está o livro do senhor Kamel, basta olhar as pesquisas salariais.

Temos uma sociedade altamente preconceituosa em termos de raça ou realidade social, mas quando esta resolve se solidarizar, o faz por não entender um branco lourinho na favela, põe-se em compaixão pelo branco pobre, que está 'num antro reservado aos negros'.

Para esta sociedade, um negro pobre está dentro da 'normalidade social', é o que deve acontecer. E no momento em que um governo abre a possibilidade de esta população ter acesso mais facilitado à universidade, com perspectivas de um futuro melhor para si e para sua família, surgem os mais diversos argumentos dignos de uma KKK. Há quem chegue a falar em 'darwinismo': que dar aos negros uma chance maior de frequentarem a faculdade pode ser 'racismo contra eles mesmos'. A quem desejam enganar? Há também aqueles que dizem que o sistema de cotas é racismo com o branco pobre, há os que fazem testes de DNA, provando que 'de tudo tem um pouco' e que, por isso, as cotas não se encaixam na realidade. O que faltou a esta gente foi pensar 'a nível de' fenótipo hehe.

O que eu acho mais engraçado é que há um pouco mais de um século atrás, quando a escravidão vigorava no país, ninguém fazia raciocínios genéticos para não escravizarem os negros, isto é, negro 'nem sequer tinha alma' e quando havia filhos de brancos e negros, estes eram escravizados do mesmo modo, sem considerações genéticas ou de parentesco. Não falo do DNA, porque isso 'não existia' naquela época, mas se existisse, seria utilizado para argumentar de alguma forma a legalidade da escravidão.

Há muitas coisas e muitos enfoques sobre este tema e nós poderíamos ficar horas a fio aqui discutindo isto, mas só para resumir bem e concluir meu pensamento, é preciso lembrar-se que, com a abolição no Brasil, ao invés de os negros serem indenizados, como aconteceu nos EUA, seus ex-'donos' é que receberam indenização e nunca houve uma política de integração e inclusão deste povo. Há uma necessidade de reparação sobre este erro do passado sim, que já deveria ter acontecido há muitos anos, e não me venham falar em 'melhorar o ensino público', porque isso é lindo e extremamente necessário, mas os jovens desta geração, que aí estão, não conseguem voltar no tempo para ter acesso ao ensino de base de qualidade.

Não me falem em darwinismo nem da porcentagem de europeu e negro que há em cada ser humano e não me botem negro 'de alma branca' para falar em alguma emissora que acha injusto o sistema de cotas, porque todos os negros que eu conheço são a favor deste projeto de inclusão e os que eu vejo falarem contra, são geralmente 'massa de manobra', e o que há de pior é um branco falando pela voz de um negro sobre os direitos deste. Nós não somos todos iguais, como diz a Constituição, mas lutamos para que sejamos e, para isto, é preciso ouvir as vozes dos negros, das mulheres, dos índios, e não dos brancos ou da classe dominante que pretende ser seu 'porta-vozes'.

Há poucas senhoras no mundo que se assustam com a miséria nas favelas, na periferia, com a violência, com a falta de saúde e saneamento básico a menos que algum lourinho sofra com tudo isso, aí tira-se o loirinho da favela ao invés de retirar a favela da vida desta população. Não me entendam racista, de forma alguma: 'miséria é miséria em qualquer canto', como diz a música, e para todo mundo, negros e brancos. Mas a população negra precisa ser reparada e 'já foi tarde'.











sábado, 11 de agosto de 2007

Morreu, virou herói!!!!









A morte de ACM, um dos políticos mais influentes (negativamente) da história do Brasil, nos ajuda a conhecer melhor grandes nomes da política nacional, que, numa tentativa de capitalizar com o acontecimento, traçam perfis dignos da Madre Tereza de Calcutá para o glorioso Antonio Carlos Magalhães.

A estratégia é simples: o tucanato elogia o "painho" pra ver se ganha uns votinhos lá no nordeste, aquele lugar de gente "subornada pelo bolsa-esmola" como eles gostam de dizer entre um vinho e outro na Daslu.


Seguem abaixo algumas pérolas devidamente comentadas por mim:


"ACM era Maquiavel brasileiro, diz Virgílio"

(GRANDEEEE FRASE: ACM quebrou o sigilo do painel de votação do Senado, dando provas de que os "fins justificam os meios", resta saber quais eram os fins.)


"A presença de ACM deu dignidade ao Congresso Nacional, diz Cesar Maia"

Esta dói no fudo da alma: ACM já sofreu processo de cassação de mandato, teve que renunciar e, graças às leis fracas que garantem a impunidade em nosso país, pode concorrer a um novo mandato. Como que alguém que poderia até perder os direitos políticos pode ter DADO DIGNIDADE AO CONGRESSO NACIONAL???? Só Cesar Maia, o cara que fingiu ser prefeito do Rio de Janeiro, poderia falar isso.


"ACM dedicou sua vida a servir o Brasil, diz deputado do PSDB"

Sem comentários, ele pode ter servido (e serviu) à Globo, à família dele, mas ao Brasil não.... tão ridícula esta afirmaçaõ que não botaram nem o nome do fulano que disse.

"País perde um de seus maiores políticos, diz governador do DF"

Claro, um dos maiores políticos e colegas em "quebrar sigilo do painel do Senado"


"Brasil perde um líder com a morte de ACM, diz Kassab"

Líder? Só o DEM EX-PFL/PSDB que perde, além, é claro, dos votos no nordeste.


"A Bahia deve muito a ACM, mesmo os adversários dele', diz FHC"

Se o gênio renascentista afirmou, é verdade, a Bahia perde, afinal, para o bom paulistano-branco-doutor, nordestino só é bom com fome, sede e doença, coisa que o ACM dava de sobra para a Bahia.

"Heloisa Helena recusa-se a comentar morte de ACM"

Essa é ótima também: sabe o 'quanto mais mexe mais fede'? Melhor nem comentar, né Heloisa? Senão podem se lembrar do painelzinho...

"Brasil perdeu um grande brasileiro, diz Alckmin"

Não sei a altura e peso do ACM, por isso é dificil comentar está frase do Alckmin.

(citações extraídas do blog Terceiro Mandato: http://terceiromandato.blogspot.com/)